Quem somos e em que acreditamos?

Nosso grupo, o GAIA, brotou de minha intensa paixão pela criação de um mundo mais humano para meu filho, Arthur Francisco, para os filhos dele e para todas as gerações futuras, afinal, como diz o título de um livro: "Filhos Brilhantes, (nós, pais e mães) Professores Fascinantes".

Entendo que p/ sermos o berço de futuras gerações preparadas, temos por obrigação nos prepararmos e propagarmos nossas experiências interagindo uns com os outros, independente de sermos pais ou filhos, tios ou sobrinhos, avós ou netos... sejamos sempre IRMÃOS EDUCADORES!!! E esta educação começa dentro de nossos lares, mudando antigos paradigmas, prestando mais atenção ao nosso próximo, ao futuro de nosso planeta, reciclando nosso lixo, reciclando nossas almas.

Muito embora a magnitude das crises espirituais e ambientais que nos deparamos em nosso dia a dia possa exigir métodos ousados e visionários, sei, do fundo do meu coração, que é possível encontrar soluções para os problemas do nosso planeta, começando dentro de nós mesmos, em nosso lar, em nosso ambiente de trabalho, com nossos visinhos, enfim...

Tudo é possível, pois querer é poder!!!

Valeria.

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terça-feira, 1 de novembro de 2011

Um mundo paralelo...

Após a confirmação do diagnóstico, me senti num mundo paralelo, um hiato entre tratamento e resultado efetivo. As pessoas te olham diferente, te tratam diferente. Eu me sentia a mesma, plena e saudável. A imagem no espelho não refletia uma pessoa com câncer. Como isso é possível?


Porém, com o tempo, o estigma toma conta, a vida muda radicalmente. Não sou mais dona da minha agenda, de meus compromissos. Tudo está atrelado a datas de exames, consultas, quimioterapias, etc... a ser decidido pela equipe médica. Eles apenas te informam a data e a hora do procedimento a ser realizado, simples assim. Ninguém te pergunta se vc está ou não de acordo, pois é como te pedir p/ escolher viver ou morrer.


O discurso da certeza de cura é decorado e repetido por todos, bem como os percentuais de sucesso... Ao mesmo tempo tudo acontece de uma forma tão urgente que vc se sente em pré-óbito. As recomendações médicas durante o tratamento são: VIDA NORMAL.


Vida normal??? Fala sério!!!


Durante uma semana só chorei, durante as 24 horas do meu dia. Meu rendimento profissional despencou, perdi o apetite (conseqüentemente peso), não tinha coragem de olhar p/ o meu filho... como dizer a ele que eu ia morrer? Sim, pq nas duas primeiras semanas eu só tinha certeza da morte. Tanto que me esqueci que toda a humanidade vai morrer um dia e que eu poderia inclusive morrer atropelada, por exemplo. Até o carro eu bati. Por um curto espaço de tempo perdi a Fé, mas nunca me revoltei c/ Deus e nem tampouco tive pena de mim mesma. Só queria entender os desígnios de Dele em relação à minha pessoa.


O câncer é uma violência física e emocional. Tudo é incerteza. O que dá certo p/ A pode não dar certo p/ B e assim sucessivamente. Nada é parâmetro de coisa alguma. Literalmente é uma doença que corrói as entranhas da alma... é assim que me sinto. A única certeza é o diagnóstico e o início do tratamento... o resto... ninguém garante. Quais os resultados? Não dá p/ saber. O tratamento está sendo eficaz? Antes da quarta sessão de quimioterapia ninguém sabe. Ainda assim, tem a cirurgia, outra incógnita... só na hora H o médico saberá o que vai encontrar, se haverá ou não metástases, enfim... isso é vida normal???


Sem contar na voz do povo, que neste caso é tudo, menos a voz de Deus. Passei a ouvir de tudo, infinitas histórias... o pior é que as pessoas pensam que estão te motivando e estão de empurrando p/ beira de um penhasco... é horrível!!! Indescritível!!! Tem horas que tudo o que vc não quer ouvir é que vai dar tudo certo, parece um disco arranhado, tipo a pessoa não tem o que te dizer e diz que vai dar tudo certo... definitivamente, não desejo este estigma p/ ninguém. O Câncer é a pior tortura física e psicológica que um ser humano pode ser submetido, não há palavras p/ explicar tais sensações.


Em resumo, a vida é um rio largo, cujas margens estão pessoas com câncer e pessoas sem câncer. Não consigo mais interagir socialmente, planejar, construir... não me sinto mais parte do todo e sim a experiência que não deu certo c/ uma imensa platéia a espera do próximo capítulo.