Quem somos e em que acreditamos?

Nosso grupo, o GAIA, brotou de minha intensa paixão pela criação de um mundo mais humano para meu filho, Arthur Francisco, para os filhos dele e para todas as gerações futuras, afinal, como diz o título de um livro: "Filhos Brilhantes, (nós, pais e mães) Professores Fascinantes".

Entendo que p/ sermos o berço de futuras gerações preparadas, temos por obrigação nos prepararmos e propagarmos nossas experiências interagindo uns com os outros, independente de sermos pais ou filhos, tios ou sobrinhos, avós ou netos... sejamos sempre IRMÃOS EDUCADORES!!! E esta educação começa dentro de nossos lares, mudando antigos paradigmas, prestando mais atenção ao nosso próximo, ao futuro de nosso planeta, reciclando nosso lixo, reciclando nossas almas.

Muito embora a magnitude das crises espirituais e ambientais que nos deparamos em nosso dia a dia possa exigir métodos ousados e visionários, sei, do fundo do meu coração, que é possível encontrar soluções para os problemas do nosso planeta, começando dentro de nós mesmos, em nosso lar, em nosso ambiente de trabalho, com nossos visinhos, enfim...

Tudo é possível, pois querer é poder!!!

Valeria.

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quarta-feira, 31 de março de 2010

Aceite-se para ser aceito pelos demais




Por Rosemeire Zago
(psicóloga clínica, com abordagem junguiana e especialização em Psicossomática)


Sentir-se rejeitado pelos outros é um sentimento que poucos conseguem superar facilmente, pois depende de uma elevada confiança em si mesmo, o que nem sempre temos.

Quanto mais rebaixada nossa auto-estima, quanto menos gostamos de nós mesmos, mais vulneráveis somos à rejeição.

Quando uma pessoa com baixa auto-estima perde uma pessoa que ama ou uma colocação profissional, passa a acreditar que não merece nada, que é indigna de ter o que deseja, sentindo-se completamente só e, principalmente, abandonada.

Mesmo as pessoas com elevada auto-estima, ou seja, conscientes de seu valor, tendem a sentir os mesmos sentimentos quando há uma perda, pois neste momento perdem também o controle da situação que até então acreditavam ter e isso tende a abalar todas as emoções.

Lidar com a rejeição não é nada fácil, pois geralmente nos remete inconscientemente às situações de abandono durante a infância.

Se alguém nos rejeita, de alguma forma não nos aceita, e se tentarmos mudar em função disso para agradar, tudo tende a piorar.

Mas, na maioria dos casos, o outro dificilmente é a causa real do sentimento de rejeição, pois a sensação de sentir-se abandonado já existe internamente na pessoa. A dificuldade está em lidar com estes sentimentos anteriores somados aos atuais.

O principal antídoto ao sentimento de rejeição é não limitar todas as esperanças da vida a um relacionamento, ou seja, dedicar-se apenas ao marido, filho, a esposa, a mãe, ou a um emprego, não tendo mais nenhum outro objetivo, esquecendo-se de outras pessoas ou fatos importantes e principalmente de si mesmo.

Mas não há nada pior do que acreditar cegamente e... ser abandonado. Se você admitir que pode um dia ficar só e ainda assim sobreviverá, correrá menos riscos de se sentir rejeitado.

E também terá maior liberdade para mudar sua vida sem sentimentos de culpa. Não devemos nunca perder nosso referencial interno, nem reduzir nossas esperanças ou colocar nossa expectativa de vida sob a direção de algo que não controlamos: o sentimento e a reação do outro.

Por vezes, podemos ser preteridos e não é por isso que a vida deixará de existir ou que as coisas que desejamos deixaram de ser realizáveis, muito pelo contrário, pode ser a chance que temos de ter a possibilidade para irmos em busca daquilo que realmente queremos. Não podemos nunca depender da atitude de outra pessoa para termos certeza de nosso real valor.

É preciso que estejamos sempre conscientes de que as atitudes de outras pessoas nem sempre estão relacionadas à nossa pessoa, e, portanto, não são respostas a nós. Precisamos entender que os outros são seres humanos como nós e que às vezes podem nos dar um não ou uma resposta agressiva muito mais em função dos próprios conflitos internos e que nada têm a ver com sua pessoa.

Mas como muitas vezes não consideramos a realidade interna do outro, imaginamos que estamos sendo rejeitados, mas muitas vezes a rejeição faz mais parte do nosso mundo interior do que da realidade.

Por isso, é importante saber diferenciar a reação dos outros em cada momento. Procure entender as razões do outro, pois muitas vezes o problema para agir assim pode ser mais dele do que seu.

Seja como for, de nada adianta dramatizar a situação e colocar-se no papel de vítima. O drama e o sentimento de culpa só irão aumentar a sua dor. Encare a dificuldade do momento de frente e procure aprender com tudo isso. No mínimo, você conquistará maior autoconfiança e isso lhe será útil pelo menos na próxima vez.

Muitas vezes, o sentimento de rejeição é acentuado pela insistência em supervalorizarmos a opinião e aprovação dos outros de nosso modo de ser, pensar e agir. Damos aos outros o poder de juiz e permitimos que comandem nossa forma de viver.

A excessiva importância dada à opinião e aos valores dos outros, por mais que estes queiram apenas o nosso bem, retrata uma irresponsabilidade quase infantil e inconsciente de acreditar que são eles que devem assumir e suprir nossas necessidades.

Cabe a cada um de nós satisfazer as próprias carências e não a quem está ao nosso lado. Acreditamos que ninguém deve nos dizer não, para que não nos sintamos rejeitados e abandonados, mas, na verdade, a principal rejeição não vem dos outros, mas está dentro de nós mesmos e resulta na falta de amor-próprio.

Pare de se criticar, mude o que acha que tem de mudar em si e torne-se mais independente da aprovação de outras pessoas.

ACEITE-SE.

Torne-se responsável pelo que você é e deixe que o outro seja responsável pelo o que ele é. Faça sua vida ser conduzida sob sua responsabilidade e seus valores, e não sob os do outro.

Pense que você tem a responsabilidade de se amar, se aceitar, aprovar e valorizar.
Se atribuir essa responsabilidade ao outro, cada vez que ele negar, surgirá a rejeição, um sentimento que só você poderá se isentar de senti-lo.

E lembre-se:
Nenhuma pessoa merece tuas lágrimas e quem as merece não te fará chorar.

domingo, 21 de março de 2010

sábado, 20 de março de 2010

Colegas de Alma


COM QUANTAS PESSOAS BOAZINHAS VOCÊ CONVIVE NO DIA-A DIA?

SE MAIS DE 80% DELAS SÃO ASSIM, ENTÃO PARABÉNS!!! QUEM ESTÁ NESTA SITUAÇÃO JÁ É PESSOA DE ESPIRITUALIDADE ELEVADA. MAS, SE FOR O CONTRÁRIO, E 80% DELAS FOREM CHATAS DE GALOCHA, ENTÃO, PARABÉNS TAMBÉM. VOCÊ ESTÁ GANHANDO DE DEUS UMA GRANDE OPORTUNIDADE DE CRESCER, ESPIRITUALMENTE.
MAS, SE TODAS AS PESSOAS COM AS QUAIS VOCÊ CONVIVE SÃO CHATAS, ENTÃO, É BOM PARAR E PENSAR: SERÁ QUE NÃO SOU EU O PRÓPRIO CHATO? ACHO QUE ASSIM CADA UM CONSEGUE MEDIR SEU NIVEL ESPIRITUAL.

A ARTE DA CONVIVÊNCIA É PERSEGUIDA HÁ SÉCULOS PELOS HOMENS QUE, NO FUNDO, DESEJAM SE DAR BEM COM TODO MUNDO, MAS QUE, NA PRÁTICA, ACABAM SE ESBARRANDO EM COMPANHEIROS QUE SÓ TRAZEM ABORRECIMENTOS E DIFICULDADES. PARA ENTENDER O MOTIVO DESSAS “PEDRINHAS NO SAPATO” É NECESSARIO UMA REFLEXÃO MAIS AMPLA: SERÁ QUE TODAS AS PESSOAS SABEM PORQUE NASCERAM E QUAL A RAZÃO DE ESTAREM VIVENDO?

O MAIOR OBJETIVO DA VIDA DO SER HUMANO DEVE SER O DE ELEVAR O SEU ESPÍRITO. SUA MISSÃO É TORNAR-SE PERFEITO, CHEGAR MAIS PRÓXIMO POSSÍVEL DO CRIADOR E SERVIR A HUMANIDADE. POR ISSO, AQUI, NESTE MUNDO MATERIAL, PRECISAMOS NOS ESFORÇAR PARA CRESCERMOS CADA DIA MAIS; EVOLUIRMOS DEGRAU POR DEGRAU. E ESSE APRIMORAMENTO NÃO ACABA COM A NOSSA MORTE. QUANDO VOLTARMOS PARA O MUNDO ESPIRITUAL, VAI PROSSEGUIR. E DEPOIS, SE RENASCERMOS NOVAMENTE, PRECISAREMOS CONTINUAR CRESCENDO, EVOLUINDO MAIS. ESSE PROCESSO NÃO PÁRA NUNCA.

A MAIORIA DAS PESSOAS NÃO SABE OU NÃO ACEITA ESSA VERDADE, POR ISSO SÓ CONSIDERA O LADO MATERIAL DE SUA EXISTÊNCIA E, QUANDO SURGEM OBSTÁCULOS E SOFRIMENTOS, SE SENTEM REVOLTADAS E PERDIDAS. NESSES MOMENTOS, PASSAM A CULPAR A FAMILIA, A SOCIEDADE, A RELIGIÃO, CULPAM DEUS, CULPAM QUALQUER UM QUE FAÇA PARTE DO PROBLEMA. NÃO PERCEBEM QUE, NA REALIDADE, FORAM ELAS QUE NÃO CONSEGUIRAM CRESCER.

EXISTEM VARIAS FORMAS DE EVOLUIRMOS. ALGUMAS, DEUS MESMO PREPARA PARA NOSSA VIDA COMO A CONVIVÊNCIA COM AS PESSOAS DE INNEN, OU SEJA, DE AFINIDADE ESPIRITUAL. ESSA AFINIDADE PODE SER POSITIVA OU NEGATIVA.

TEMOS COLEGAS DE ALMA QUE SÃO BONZINHOS, QUE NOS AMAM, NOS ENSINAM COISAS AGRADÁVEIS E SEMPRE NOS AJUDAM. PARECEM ESTAR SEMPRE NA NOSSA SINTONIA, POR ISSO NINGUÉM REJEITA PESSOAS ASSIM. DEUS, PORÉM, NÃO ESCOLHE PARA NOSSA CONVIVÊNCIA SOMENTE PESSOAS MARAVILHOSAS COMO ESTAS. MUITO PELO CONTRÁRIO, TAMBÉM ESCOLHE AS QUE NOS DEIXAM IRRITADOS, NOS CAUSAM PROBLEMAS E ATÉ CHEGAM ATRAPALHAR NOSSA VIDA.

TODO MUNDO PRECISA DELAS PARA GANHAR PACIÊNCIA, TOLERÂNCIA, COMPAIXÃO, CORAGEM E AMOR QUE SÃO QUALIDADES DE UM ESPÍRITO EVOLUÍDO. QUEM CONSEGUE SE APRIMORAR E APRENDER COM QUALQUER PESSOA QUE ENCONTRA VAI SER FELIZ MAIS RÁPIDO.

MAS, SE NÃO CONSEGUIR ENFRENTAR, VAI FICAR SOFRENDO POR TODA A VIDA SEM TORNAR-SE FELIZ. NÃO TENTE BRIGAR, NEM SE AFASTAR DAS PESSOAS QUE LHE ABORRECEM E TRAZEM SOFRIMENTO, POIS QUANTO MAIS LUTAR PARA VENCÊ-LAS MAIS ELAS SE TORNARÃO FORTES.

ESFORCE-SE PARA ENTENDER O QUE PRECISA APRIMORAR ATRAVÉS DELAS.

Material publicado no jornal Estado de Minas - Opinião / 14/08/2005.

terça-feira, 16 de março de 2010

Ah... Essas Mulheres...


E o automóvel, quem diria, começou pelas mãos femininas. Berta Benz e os filhos foram os responsáveis por mudar a coisa barulhenta, fumacenta, nisto que você tem andado...

Texto: Roberto Nasser
Fotos: Reprodução


Pode parecer curioso o título. Afinal, automóvel e suas complicadas entranhas, porcas, parafusos, molas, travas e, até a famosa e folclórica rebimboca da parafuseta, fazem parte do universo masculino: foram os homens quem os gestaram e pariram. Aí pelo quarto final do Século XIX, houve uma combinação descombinada e, sem se conhecer ou se falar, técnicos, engenheiros e outros curiosos fizeram, a seu modo e em caminhos variados, máquinas para substituir a força humana e dos animais de tração.

Um dos mais conhecidos foi Karl Friedrich Benz. Engenheiro do tempo em que tais profissionais pegavam nas ferramentas, fez coisa de homem: evolução, em vez de revolução. Assim, pegou o que já estava pronto, uma carroça. Removeu os varais que a ligavam ao cavalo como elemento de tração, criou um tosco sistema de direção numa roda dianteira de bicicleta e embaixo aplicou sua criação. A grosso modo, e para quem via e descrevia, era uma torre metálica deitada, onde entrava combustível por um lado e, depois de muitos barulhos, saia movimento pelo meio tocando uma grande roda horizontal a lembrar peça assemelhada das máquinas de costura, e fumaça pelo outro. Andava sem cavalos e sem vapor, como as máquinas de andar daquela época – trens, navios e pequenos trams, bondes urbanos.

Andou, conseguiu pioneira patente a de número 37.435, relatando o funcionamento de um certo Carro a Motor – Patenteado.

Motivo de muito orgulho, pois integrava os sonhos de Benz e o entorno dos problemas trazidos a sua família, mas a polícia de Manhein, Alemanha, proibiu-o de circular. Seu barulho e fumaça incomodavam as pessoas, assustava os animais, fazia os cavalos dispararem e, dizem, provocou crise nervosa em idosa macróbia.
Sem silencioso, ainda por inventar, com grandes folgas entre as partes móveis, lubrificantes primários, marcava sua passagem com barulho e fumaça.
A proibição forçou seu abandono na cocheira da casa dos Benz. Para a população era apenas esquecida notícia de jornal e criação de Benz, engenheiro cujos sonhos na maioria das vezes empurravam a vida ao limite inferior do conforto.

O EMPURRÃO FEMININO: Em 1888 dona Berta Benz era uma pré-matrona aos 39, mãe de 4 filhos, companheira de um perseguidor de sonhos. A condição feminina era muito diferente dos dias atuais, quando as mulheres são o agente mais importante no mercado de automóveis de passeio. Hoje, entre aquisição própria e influencia na compra do veículo familiar, representa uns 70% do mercado.

Pois independentemente do recato inerente às regras sociais e de etiqueta, co-optou seus filhos Eugen, 15, e Richard, 13, e se transformaram nos responsáveis por mudar a coisa esquisita, barulhenta, fumacenta, nisto que você tem andado, nesta ferramenta de deslocamento, de mobilidade, chamado por muitos nomes – automóvel, caminhão, ônibus, trator.

Ato de coragem, retrato da fidelidade feminina à unidade do casamento e propósitos de seu marido, não fosse dona Berta, possivelmente a patente pioneira do carro a motor ficasse esquecida e substituída por algum dos muitos tipos de veículos que se experimentavam àquela época. Então, pelo mundo inteiro, perpassava aura de criatividade, em exercícios de tentativa e erro, na reunião dos conceitos operacionais viabilizadores de motores a vapor e gás, reduzindo-os em volume e peso, aptos a mover um veículo.

Histórias de vencedores sempre são românticas. Mascaram sacrifícios, dificuldades, e a vitória surge como inevitável final feliz. A realidade da invenção do triciclo motorizado passou muito longe disto. Soma as limitações de um órfão de ferroviário, criado pela mãe, dona de pensão, sonhador vendo as nuvens através de uma maquete de carro a vapor. Fez o curso técnico com amplo sacrifício materno. Era hábil, inventivo e, como os engenheiros antigos, não tinha medo de graxa, e não mandava, fazia: fabricou calhas e dobradiças; prensa para tabaco; um pequeno telefone.

Depois, motores a gás. Enfrentou dificuldades, perdeu tudo, incluindo a fábrica, trabalhou num barracão no fundo de casa. Como disse dona Berta, em 1933, aos 84 anos de idade, as dívidas tomaram quase todos haveres familiares, exceto ferramentas de mão e a casa. Mas não levou os sonhos de Karl, sua determinação, ou o apoio doméstico.

Dois comerciantes de material técnico, condoídos com a miséria da competência, e outros credores se associaram a Benz, criando empresa para produção de motores a gás. Que foi, sem trocadilho, a pleno gás, aumentando modelos, potências, vendas, lucros.

Foi quando, paralelamente, e sem precisar cortar itens de sobrevivência para empurrar seu sonho, Benz aplicou-se a desenvolver o veículo – ao contrário de Daimler e da maioria dos criadores da época, preocupados apenas em criar e construir motores.

EXISTE, MAS NÃO PODE: Em outubro de 1885 o carro ficou pronto. Quase uma charrete com motor monocilíndrico; deslocava 900 cm3; produzia 2/3 de hp a 250 rpm; um razoável sistema de ignição – a vela ainda não havia sido criada; era muito pesado em seus 96 kg. O triciclo pesava 300 kg. (um motor com esta cilindrada produz atualmente uns 60 cv, e com este peso, muitíssimo mais).

Pioneiro, merecia elogios do jornal local, vendo longe, ao contrário de cavalos, cavaleiros, meninos, senhoras, se assustavam com o barulho, incomodavam-se com a fumaça. E a polícia proibia o uso – apesar da inexistência de legislação específica sobre veículos a motor.

Benz arquivou o sonho, assumiu a lógica de estar bem de vida como fabricante de motores a gás, longe do tempo da mesa e do cobertor curtos, das provações materiais, das críticas dos sogros. Voltou a dedicar-se integralmente ao negócio básico dos motores a gás – para alegria de seus sócios e do banqueiro local.

NÃO PODE??? A proibição policial podia ser legal, mas não era decisão pétrea, podia ser contornada. Dona Berta pegou Eugen e Richard, dois dos quatro benzinhos, por entender que o sonho do carro “automovimentado” do qual participaram, sofreram fome, frio e reclamações dos pais de Berta, não podia ficar arquivado por conta de protestos de polícia, cavalos e outros animais que não enxergavam o futuro.

Ao nascer de uma manhã do verão de agosto de 1888, tempo de férias, os meninos puxaram o carro para fora. Verificaram os itens que o fazem mover, conhecidos ao acompanhar o desenvolvimento, a construção, as experiências com enguiços e acertos. Empurraram distância de cautela e, ao achar que o barulho do motor não acordaria o sono de Benz e vizinhos, Eugen girou a grande polia horizontal ligada ao volante. O motor pegou. Subiram todos. Eugen, á barra de direção – o volante surgiria uma década após; dona Berta ao lado, Richard espremido. O banquinho, horizontal, era de charrete. Dá para imaginar a performance: 400 kg de veículo, mais uns 150 de tripulação, movidos por dois terços de cavalo de força... Numa regra de três, nos termos de hoje, o motor de carro popular para arrastar um caminhão Scania, carregado.

A VIAGEM: Embicaram para Pforzheim, a 120 km de distância. Estrada de terra, conhecida, até a casa dos pais de Berta. Fosse viagem latina e nos tempos atuais, seria um cala-boca. À época, embora a expressão ainda não tivesse sido inventada, foi efeito-demonstração do funcionamento da “última-maluquice-do-seu-marido-tão-bom-engenheiro-e-tão-desmiolado, coitado.”

A viagem traria resultados nunca dantes imaginados. Da soma das necessidades do veículo com a mão de obra e os produtos disponíveis no pequeno comércio nas cidades ao longo do percurso, surgiriam outras atividades comerciais. Ali começava um novo tempo.

Estrada plana, tempo bom, o carrinho pipoca e polui em barulho e emissões fumacentas campo afora. Após Heildelberg há subidas. Levinho, Richard assume a condução. Berta e Eugen empurram. Equivalem, juntos mais ou menos, à força do motor, 2/3 de hp. Richard acelera. O carrinho galga, penosamente, a subida. Ao final, suados, enegrecidos pela fumaça, sobem no carro. E a descida começa. Durou pouco a alegria ao descobrir o freio subdimensionado, insuficiente para deter o veículo em descidas. E o couro que anteriormente fora cinto, colocado externamente à única polia, como elemento abrasivo para efeito frenante, se queima. E o combustível acaba.

A viagem, percebem, seria o primeiro pré-teste de avaliação... Param em Wiesloch, poucos quilômetros após. Mobilizado, entre o surpreendido com uma carroça sem cavalo, utilizando couro numa polia, um sapateiro refaz o revestimento – seria o precursor dos reparos em freios. Berta vai à farmácia comprar um líquido de limpeza doméstica coincidentemente chamado benzina. Gasolina? Não existia. Comprou o estoque, 3 litros. Nunca imaginara gastar tanto produto de limpeza.

Combustível seria um dos problemas, pois os farmacêuticos não têm estoque grande.

O movimento de carros motorizados exigiria outro direcionamento – todo farmacêutico seria, projetadamente, o dono de posto de re-abastecimento.
Outro item de necessárias melhorias foi o sistema de resfriamento. A cada 20 km era preciso repor água por conta das grandes perdas e da evaporação – e nem sempre havia rios, lagos ou regatos por perto.

A transmissão, como numa bicicleta, por corrente. E, como nas bicicletas, se parte. Os meninos andam até a próxima cidade onde um ferreiro põe a emenda, como nas toscas bicicletas. É o primeiro mecânico de estrada, capaz de improvisar.

Em seguida, a tubulação de combustível entope. Berta sacrifica um alfinete do chapéu e remove um grão incrustado nos caminhos do primário arremedo do posteriormente chamado carburador.

Outro tropeço. O Carro a Motor – Patenteado, para. Dona Berta vai olhar. Os meninos, de costas, ouvem um fru-fru de tecido. Berta acaba de fornecer uma liga para virar elemento elástico para corrigir a quebra da mola do carburador. Surgia a consciência que motorista deve entender do veículo e ser capaz de soluções inventivas.